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Problema da produtividade vai além da educação

Enquanto o mundo acelera com tecnologia e inovação, o Brasil ainda enfrenta entraves para aumentar sua produtividade

O mundo do trabalho está mudando de forma muito rápida. Em praticamente todos os setores, surgem novas ferramentas que, de maneira discreta, vêm transformando a maneira de produzir, decidir e organizar processos. Em países como Alemanha, Canadá e Coreia do Sul, os resultados já aparecem nas estatísticas: mais produtividade, menos desperdício e decisões mais ágeis e precisas.

No Brasil, porém, o cenário é bem diferente. A produtividade por hora trabalhada permanece baixa, em torno de US$ 21, segundo dados internacionais. Nos países desenvolvidos, esse índice supera os US$ 60 e, em alguns casos, se aproxima dos US$ 80. A diferença não está no esforço individual do trabalhador, mas nas condições estruturais, em especial na formação profissional e no ambiente em que as empresas operam.

Grande parte das companhias nacionais ainda funciona de maneira tradicional. Processos são lentos, ao passo que decisões se apoiam mais na experiência ou na intuição do que em dados. Pouco é investido em algoritmos e sistemas capazes de otimizar tempo e recursos. E quando se trata de capacitação para explorar essas ferramentas, o atraso é ainda maior — o ensino superior segue formando profissionais para um mercado que já não existe mais.

Fato é que enquanto o mercado laboral exige adaptação imediata, a educação não consegue acompanhar esse ritmo. Muitos cursos permanecem presos a modelos defasados, e as universidades continuam preparando alunos para funções em declínio. O resultado é uma geração que ingressa no mercado sem domínio prático das ferramentas que poderiam promover a produtividade. Assim, mesmo quando tecnologias modernas estão disponíveis, acabam sendo mal ou subutilizadas.

Um levantamento recente apontou que apenas 13% das empresas brasileiras incorporaram sistemas automatizados em suas rotinas. Dentre esses negócios, predominam as grandes corporações. Já as pequenas e médias lidam com obstáculos como crédito caro, burocracia, limitações de infraestrutura, baixa familiaridade com tecnologia e carência de políticas públicas de apoio.

Outro entrave é a visão de muitos empresários sobre inovação. Em vez de enxergar a tecnologia como investimento estratégico, ainda há quem a trate como custo adicional ou ameaça. Essa postura conservadora reduz investimentos, dificulta parcerias e freia avanços. Enquanto isso, países vizinhos, como Chile e Uruguai, já colhem resultados de uma postura mais pragmática e aberta à modernização.

Apesar das barreiras, sinais de mudança começam a surgir. Startups brasileiras vêm se destacando em áreas como Educação, Saúde e Logística, criando soluções criativas e eficientes. Além disso, o País figura entre os maiores usuários de plataformas digitais no mundo, revelando interesse e demanda. O desafio é transformar esse uso espontâneo em ganho real de produtividade — o que exige planejamento, investimento e visão de longo prazo.

Produtividade não se trata de trabalhar mais, mas trabalhar melhor, com estratégia, inteligência e suporte técnico. Nesse aspecto, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. Para crescer de forma sustentável, reduzir desigualdades e competir de fato no cenário mundial, é fundamental colocar a tecnologia no centro da agenda econômica.

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